Lição 8 – As bases da Unidade Cristã

Texto áureo Texto Bíblico – Efésios 2 1-8

Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens,
Tito 2:11

Introdução

Um assustado carcereiro, em Filipos, pergunta a Paulo e Silas o que deveria fazer para mudar sua vida, para salvar-se. A resposta foi: “Eles responderam – Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (Atos 16:31).

A receita da salvação, em dia, não confere exatamente com o que Paulo e Silas disseram. A receita contemporânea anda bem mais complicada. Ela está a exigir, por exemplo, ser membro de alguma igreja que se reúna em um megatemplo. Além do mais, ela está declarando que certos rituais de poder mágico devem ser seguidos à risca pelos fiéis, principalmente quando apresentados pelo rádio, pela televisão ou pela internet. E, como tudo isso custa muito caro, os proclamadores da nova receita não tem o mínimo constrangimento em reclamar “ofertas sacrificiais” dos seus seguidores.

A receita de Paulo e Silas é simples, mas é também profunda. Crer no Senhor Jesus não estimula o crente a buscar as coisas grandes do mundo, mas o mundo espiritual do Senhor. Crer no Senhor Jesus é um ato de entrega as pessoa inteira ao amor e ao poder do Cristo, com conseqüências na vida pessoal e familiar. Crer no Senhor Jesus não se limita aos gestos religiosos, que acontecem aos domingos, nos templos. É vida com Cristo, todos os dias, em todos os lugares…



1- Pecado versus Perdão

E necessário que, primeiro conceitue-se o que é o pecado para então, entender sua conseqüências.

Segundo Agostinho, o pecado é “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à Lei eterna”, causando por isso ofensa a Deus e ao seu amor. Esta Lei eterna, ou Lei de Deus, é expressa na lei natural, nos Dez Mandamentos, nos mandamentos de amor, entre outros. Logo, o pecado é um ato mal e “abuso da liberdade”, ferindo assim a natureza humana. “Cristo, na sua morte na cruz, revela plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a sua misericórdia”. Há uma grande variedade de pecados, distinguindo-lhes “segundo o seu objeto, ou segundo as virtudes ou os mandamentos a que se opõem. Podem ser diretamente contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. Podemos ainda distinguir entre pecados por pensamentos, por palavras, por ações e por omissões”

A repetição de pecados gera vícios, que “são hábitos perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao mal. Os vícios podem estar ligados aos chamados sete pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça”.

Seguindo os preceitos bíblicos, não existe pecado pequeno ou grande, pois “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”(Romanos 3.23). O pecado nada mais é do que a transgressão aos mandamentos de Deus, segundo I João 3:4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. Pecado é um ato, pois “cada um é tentado, quando atraído e engodado pelo seu próprio desejo. Depois, havendo concebido o desejo, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1:14 e 15). Para que tenhamos salvação e desfrutemos da vida eterna, devemos tão somente crer (“Pela graça sois salvos, por meio da fé…” Efésios 2.8) que Jesus é nosso único e suficiente salvador, e confessar nossos pecados para sermos perdoados (“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” I João 1.9).

O que é perdão e por que preciso?

A palavra “perdão” significa limpar a conta, perdoar ou cancelar a dívida. Quando ofendemos alguém, buscamos seu perdão para que o relacionamento seja restaurado. Perdão não é dado porque alguém merece ser perdoado. Ninguém merece ser perdoado. Perdão é um ato de amor, misericórdia e graça. Perdão é uma decisão de não manter algo contra outra pessoa, apesar do que tenha lhe feito.

A Bíblia nos diz que todos nós precisamos do perdão de Deus. Todos nós temos cometido pecado. Eclesiastes 7:20 proclama: “Não há homem justo sobre a face da terra que faça o bem e que não peque.” 1 João 1:8 diz: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” No final das contas todo pecado é contra Deus (Salmos 51:4). Por isso, precisamos desesperadamente do perdão de Deus. Se nossos pecados não forem perdoados, passaremos a eternidade sofrendo as conseqüências de nossos pecados (Mateus 25:46; João 3:36).

1.1   Conseqüências do Pecado

O maior prejudicado com o pecado e o próprio ser humano, levando o ser humano, inclusive, a ser escravo de vícios, ódio, mentira, orgulho entre outras coisas horrendas.

Julgamento -> O julgamento que veio sobre Adão quando este pegou é imputado a toda raça humana.Por isso, todos deverão comparecer diante do tribunal de Cristo para prestar contas dos seus Atos(2 Co 5.10; Rm 14.10)

Condenação -> O pecado traz para o homem condenação(Jo 12,48).Quem desobedece a palavra é julgado pela palavra.

Culpa -> O pecado traz culpa.O pecador fica culpado diante de DEUS.Daí razão do seu julgamento e condenação(Tg 2.9,10)

Morte -> O pecado traz morte física e espiritual.Morte é separação e quem vive em pecado esta separado de DEUS.O pecado é morte(Rm 6.23;Ap 20.14)Existem 3 tipos de morte :

Morte física -> O homem foi criado a imagem e semelhança de DEUS como um ser imortal.Ele não morreria se não desobedecesse ao Senhor.POrém a sentença depois da desobediência foi cumprida(Gn 2.17)Adão não morreu imediatamente, mas, a partir daquele momento ele ficou sujeito a morte física.

Morte espiritual -> Esta é entendida como separação entre DEUS e o homem.No momento em que Adão desobedeceu a DEUS, ele morreu espiritualmente, pois perdeu a comunhão com o Criador.(Ef 2.1)

Morte eterna -> Esta é a conseqüência da morte espiritual, também chamada a ” segunda morte” (Ap 20.6).Para fugir desta morte é necessário que o homem reate sua comunhão com DEUS através de Jesus Cristo(Jo 11.26)

1.2 A oferta de Perdão

Deus exigia no Antigo Testamento, sacrifícios de animais para que a humanidade pudesse receber perdão dos seus pecados (Levítico 4:35; 5:10). O sacrifício de animais é um tema importante encontrado por todas as Escrituras. Quando Adão e Eva pecaram, animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para eles (Gênesis 3:21). Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim foi inaceitável porque ele trouxe frutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe “das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gênesis 4:4-5). Depois que o dilúvio recuou, Noé sacrificou animais a Deus. Esse sacrifício de Noé foi de aroma agradável ao Senhor (Gênesis 8:20-21). Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, mas quando Abraão estava prestes a sacrificar a Isaque, Deus interveio e providenciou um carneiro para morrer no lugar de Isaque (Gênesis 22:10-13).

O sistema de sacrifícios atinge seu ponto máximo com a nação de Israel. Deus ordenou que essa nação executasse inúmeros sacrifícios diferentes. De acordo com Levítico 1:1-4, um certo procedimento era para ser seguido. Primeiro, o animal tinha que ser perfeito. Segundo, a pessoa que estava oferecendo o animal tinha que se identificar com ele. Então, a pessoa oferecendo o animal tinha que infligir morte ao animal. Quando feito em fé, esse sacrifício providenciava perdão dos pecados. Um outro sacrifício chamado de dia de expiação, descrito em Levítico 16, demonstra perdão e a retirada do pecado. O grande sacerdote tinha que levar dois bodes como oferta pelo pecado. Um dos bodes era sacrificado como uma oferta pelo pecado do povo de Israel (Levítico 16:15), enquanto que o outro bode era para ser solto no deserto (Levítico 16:20-22). A oferta pelo pecado providenciava perdão, enquanto que o outro bode providenciava a retirada do pecado.

Por que, então, não oferecemos mais sacrifícios de animais nos dias de hoje? O sacrifício de animais terminou porque Jesus Cristo foi o sacrifício supremo. João Batista confirmou isso quando O viu pela primeira vez: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Você pode estar se perguntando: “por que animais? O que eles fizeram de errado?” Esse é justamente o ponto: já que os animais não fizeram nada de errado, eles morreram no lugar daquele que estava executando o sacrifício. Jesus Cristo também não tinha feito nada de errado, mas voluntariamente entregou-Se a morrer pelos pecados da humanidade (1 Timóteo 2:6). Muitas pessoas chamam de substituição essa idéia de morrer no lugar de outra pessoa. Jesus Cristo tomou para Si o nosso pecado e morreu no nosso lugar. 2 Coríntios 5:21 diz: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” Através de fé no que Jesus Cristo cumpriu na cruz qualquer pessoa pode receber perdão.

1.3 Propiciação

Embora os termos expiação (do Velho Testamento) e propiciação (do Novo Testamento) sejam muito parecidos e usualmente tidos como sinônimos, a rigor há uma diferença técnica entre os termos, em seus usos na Teologia.

“Kaphar”, traduzido como expiar, literalmente significa “cobrir por cima, esconder por encobrir por cima e de modo a não ficar visível”.

Note, estudando as Escrituras:

a. Expiação tinha que ser procurada pelo homem e concedida por Deus, tanto em casos de pecados individuais Lev 6:2-7 como em casos de pecados nacionais Lev 4:13-20;

b. Expiação tinha que ser sempre e novamente recebida a cada pecado cometido;

c. Perdão era possível somente com base na morte (por derramamento de sangue!) de um substituto que tinha que ser adequado;

d. Uma expiação super especial tinha que ser procurada e obtida somente uma vez por ano, no soleníssimoi Dia da Expiação (hoje, Yom Kippur), no 1o. dia do 7o. mês. Ler depois: Lev 16; 23:26-31;

e. Em todas expiações do VT, os pecados eram somente COBERTOS, não TIRADOS (Heb 10:4), mas Deus disse através de João O Imersor (João O Batista) que Cristo TIRA, não apenas que COBRE o pecado Joã 1:29 !!! Aleluia!

(Quanto aos pecados dos crentes do Velho Testamento, eles ficavam não punidos [ler depois: Rom 3:25], “sob a paciência de Deus”, até a real execução da sentença sobre Cristo).

Expiação

Refere-se ao ato originado e finalizado em Deus pelo qual um judeu crente  tinha (provisoriamente) a culpa e a penalidade dos seu pecado COBERTAS e a santa justiça de Deus satisfeita, através da confissão do pecado e do merecimento da penalidade, quando da execução da sentença sobre um adequado animal substituto que, em fé, o crente via como tipificando o sacrifício perfeito, único e definitivo do Cordeiro de Deus, que viria e TIRARIA o pecado do mundo. Joã 1:29

Propiciação

“Hilaskomai” foi usado em Lucas 18:13 (“tem misericórdia de mim” deveria ser “sê propício a mim”); Hebreus 2:17 (basta ler depois; “expiar os” deveria ser “fazer propiciação pelos”).

Significa propiciar, fazer propiciação.

Propiciação não é o aplacamento de um Deus só vingança, mas sim a satisfação da santa justiça do Deus que, além de ser amor infinito, é também justiça e santidade infinitas, tendo conciliado Suas ternas misericórdia e amor com Suas infalíveis e perfeitas justiça e santidade, na imolação do Seu Filho!

Não deixemos nunca de notar maravilhados: é CRISTO que é nosso propiciador, nossa propiciação, e nosso propiciatório! 1 Jo 2:2; 1Jo 4:10 .

2. Plano da Salvação

1. Justificação

É o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Jesus Cristo. O homem, que era culpado e condenado perante Deus, agora é absolvido e declarado justo pelo próprio Deus (justificado), por meio de Jesus Cristo (Rm.5:1). Nos que estão em Cristo, a justiça de Deus é manifestada (2Co.5:21) e por Ele obtemos o perdão dos pecados (Ef.1:7).

2. Regeneração

Regenerar significa gerar de novo. O homem, morto em transgressões e ofensas, precisa de uma nova vida em Cristo, sendo esta concedida pelo ato divino do novo nascimento (Jo.1:12,13; 3:3-5). Sugere uma cena familiar. O crente é um com Cristo, em virtude de sua morte expiatória e do Seu Espírito vivificante. Nele somos feitos novas criaturas, com uma nova vida (2Co.5:17). O novo homem, em Cristo, torna-se herdeiro de Deus e membro de Sua família (Rm.8:14-17).

3. Santificação

É um processo que se inicia na conversão e termina na ressurreição de nossos corpos, na dia da vinda do Senhor Jesus Cristo. Assim, a “santificação”, como parte da salvação, está relacionada à separação da propriedade exclusiva de Deus (que somos nós) para uma vida que O glorifique (Rm.12:1-2). Tendo paz com Deus, e tendo recebido uma nova vida, o novo homem, dessa hora em diante, dedica-se ao serviço de Deus. Comprado por elevado preço (1Pe.1:14-19), já não é dono de si mesmo; não mais vive na prática do pecado, mas serve a Deus de dia e de noite (Lc.2:37). Tal pessoa é santificada por Deus e, por sua própria vontade, entrega-se a Ele para viver em santificação e em novidade de vida. Somos santificados (1Co.1:2), e Ele é feito para nós santificação (1Co.1:30). Ele é o autor da salvação eterna (Hb.12:2).

2.1 Arrependimento e Fé

O arrependimento e a fé são os dois elementos essenciais da conversão. Envolvem uma “virada contra” (o arrependimento) e uma “virada para” (a fé). As palavras primárias, no Antigo Testamento, para expressar a idéia de arrependimento são shuv (“virar para trás”, “voltar”) e nicham (“arrepender-se”, “consolar”). Shuv ocorre mais de cem vezes no sentido teológico, seja quanto ao desviar-se de Deus (1 Sm 15.11; Jr 3.19), seja no sentido de voltar para Deus (Jr 3.7; Os 6.1). A pessoa também pode desviar-se do bem (Ez 18.24,26) ou desviar-se do mal (Is 59.20; 3.19), isto é, arrepender-se. O verbo nicham tem um aspecto emocional que não fica evidente em shuv; mas ambas palavras transmitem a ideia do arrependimento.

O Novo Testamento emprega epistrephô no sentido de “voltar-se” para Deus (At 15.19); 2 Co 3.16) e metanoeô/metanoia para a ideia de “arrependimento” (At 2.38; 17.30; 20.21; Rm 2.4). Utiliza-se de metanoeô para expressar o significado de shuv, que indica uma ênfase à mente e à vontade. Mas também é certo que metanoia, no Novo Testamento, é mais que uma mudança intelectual. Ressalta o fato de uma reviravolta da pessoa inteira, que passa a operar uma mudança fundamental de atitudes básicas.

Embora o arrependimento por si só não possa nos salvar, é impossível ler o Novo Testamento sem tomar consciência da ênfase deste sobre aquele. Deus “anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (At 17.30). A mensagem inicial de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (At 2.38) era “Arrependei-vos!” Todos devem arrepender-se, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).

Embora o arrependimento envolva as emoções e o intelecto, é a vontade que está profundamente envolvida. Quanto a isso, basta citarmos como exemplos os dois Herodes. O evangelho de Marcos apresenta o enigma de Herodes Antipas, um déspota imoral que encarcerou João Batista por ter este denunciado o casamento com a esposa de seu irmão Filipe, mas ao mesmo tempo “Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo” (Mc 6.20). Segundo parece, Herodes acreditava em algum tipo de ressurreição (6.16). Portanto, possuía algum entendimento teológico. Dificilmente poderíamos imaginar que João Batista não lhe tenha proporcionado uma oportunidade de se arrepender.

Paulo confrontou Herodes Agripa II com a própria crença do rei nas declarações proféticas a respeito do Messias, mas o rei não quis ser persuadido a tornar-se cristão (At 26.28). Não quis arrepender-se, embora não negasse a veracidade do que Paulo lhe dizia a respeito de Cristo. Todos nós precisamos dizer, assim como o filho pródigo: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai” (Lc 15.18). A conversão subentende “voltar-se contra” o pecado, mas igualmente “voltar-se para” Deus. Embora não devamos sugerir uma dicotomia absoluta entre duas ações (pois só quem confia em Deus dá o passo do arrependimento), não está fora de propósito uma distinção. Quando cremos em Deus e confiamos totalmente nEle, voltamo-nos para Ele.

3. Salvação  pela graça

A graça é a resposta divina à toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através da salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.

O Espírito Santo nos revela através do apóstolo Pedro uma característica peculiar de Deus, quando o chama de “Deus de toda a graça” (1Pd 5.10). Essa expressão significa a profundidade da graça divina. No dizer do autor do hino 205 da Harpa Cristã, é “mais alta que nuvens celestes, mais funda que profundo mar”. É somente esta “toda a graça” que é capaz de anular os tristes efeitos do pecado. Você conhece outra tão grande mensagem de esperança para todos?

Se esse favor de Deus alcançasse apenas os “bons”, que favor seria esse? Que tipo de evangelho teríamos para anunciar, pois “ninguém é bom senão um só que é Deus” (Mc 10.18)? Todos ficariam de fora do favor de Deus, pois todos pecaram (Rm 3.23).

E qual é o alvo da graça de Deus? Não podia ser outro, senão o de salvar o homem (Ef 2.8-9 e Tt 2.11-13). Um homem sem Deus é considerado na Bíblia como morto. É isto o que está escrito em Efésios 2.5: “Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos.” Ora, um defunto nada pode fazer por si mesmo, nem para ressuscitar, nem para renascer fisicamente, nem ainda para renascer espiritualmente. É então aí que atua a graça. Tudo é realizado pela bondade de Deus para que o homem não tenha nenhum mérito nisso. Isso fica bem claro no texto de Efésios 2.8-9: “Pela graça sois salvos; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras (ação humana) para que ninguém se glorie”.

É confortante poder entender que o Criador, o Soberano, o Todo-Poderoso, deseja repartir sua graça com todos os homens. Esse desejo foi tão grande a ponto de o Senhor investir tudo o que de mais precioso possuía, que foi o seu próprio filho, o seu único filho (Jo 3.16).

Está enraizada no coração do homem a idéia de que ele tem que fazer alguma coisa para tornar-se merecedor da salvação. Po risso, para se entender melhor essa dádiva divina, vamos estabelecer alguns poucos contrastes entre a Lei e a graça.

A pessoa está sob a Lei quando tenta garantir sua salvação ou santificação como recompensa, por fazer boas obras ou observar certas cerimônias; a pessoa está sob a graça quando assegura para si a salvação na obra que Deus fez por ela (mediante a morte de Cristo), e não em alguma obra que esta pessoa tenha feito para Deus. A Lei exige que tudo seja pago – “Olho por olho, dente por dente” – enquanto a graça afirma que tudo já foi pago no Calvário (Cl 2.14). A Lei apenas acusa o homem de pecador, mas nada faz para o salvar; enquanto a graça salva sem nada cobrar (Ef 2.8-9).

É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem complementa a idéia da bênção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou-as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

Ao ser paga uma dívida, o ex-devedor afixava junto à sua porta o documento de quitação, uma espécie de recibo, onde estavam descritas cada uma das dívidas. Esse ato tinha por objetivo mostrar para todos que a dívida havia sido resgatada totalmente. Paulo compara esse costume se referindo à conta dos nossos delitos diante de Deus, a qual ninguém podia pagar, e que nos condenava. Porém, Jesus quitou essa dívida na cruz, e agora quem vem a Ele aceitando-o como Salvador e Senhor de sua vida tem os pecados perdoados.

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