Gênesis 1.1-2.3; Mateus 9.1-8; Mateus 16.13-21; João 1.1-18; Apocalipse 19.11-16
Jesus de Nazaré recebeu mais títulos do que qualquer outra pessoa na História. Uma lista breve incluiria o seguinte:
- Cristo
- Senhor
- Filho do Homem
- Salvador
- Filho de Davi
- Grande Sumo Sacerdote
- Filho de Deus
- Alfa e Ômega
- Mestre
- Professor
- Justiça
- Profeta
- Rosa de Sarom
- Lírio dos Vales
- Advogado
- Leão de Judá
- Cordeiro de Deus
- Segundo Adão
Os principais títulos dados a Jesus são:
1.Cristo. O título Cristo é usado com tanta freqüência, referindo-se a Jesus, que as pessoas às vezes o confundem com seu segundo nome. Entretanto, não se trata de um nome, mas de um título que indica sua posição e sua obra como Messias. O termo Cristo vem da palavra grega Christos, usada para traduzir a palavra hebraica para Messias. Tanto Cristo quanto Messias significam “o Ungido”.
No Antigo Testamento, o conceito do Messias prometido, o qual seria singularmente ungido pelo Espírito Santo, era uma idéia complexa, com muitas interpretações. Os judeus não tinham todos a mesma idéia sobre o Messias.
Um conceito sobre o Messias era que ele seria um rei. Seria o Filho ungido de Davi, o Leão de Judá, o qual restauraria o reino caído de Davi. (Este aspecto excitava grandemente os judeus e avivava as chamas da esperança em um governante político que iria libertá-los da sujeição a Roma.)
O Messias, porém, era também chamado o Servo de Deus, na verdade o Servo Sofredor mencionado na profecia de Isaías. Parecia praticamente impossível unir esses dois papéis numa só pessoa, embora obviamente fossem unidos em Jesus.
O Messias também seria um ser celestial (Filho do Homem) e teria uma relação única com o Deus Pai (Filho de Deus). Seria também profeta e sacerdote. Quanto mais percebemos o quanto o conceito do Messias era complexo, mais ficamos maravilhados com a maneira intrincada pela qual todos esses aspectos foram reunidos na pessoa e na obra de Jesus.
2.Senhor. O segundo usado com maior freqüência para Jesus no Novo Testamento é o título Senhor. Este título é de suprema importância para o entendimento do perfil de Jesus no Novo Testamento. O termo senhor é usado de três maneiras distintas no Novo Testamento. A primeira é uma forma comum de tratamento, semelhante ao nosso uso de “senhor” [sim, senhor; Sr. José etc.]. O segundo uso refere-se ao dono de escravos, ou “amo”. Aqui é aplicado num sentido figurado a Jesus. Ele é o nosso Dono. O terceiro é o uso imperial. Refere-se àquele que é soberano.
No século I, os imperadores romanos exigiam um juramento de lealdade por parte dos súditos, por meio do qual exigia-se que repetissem a fórmula: “César é Senhor”. Os cristãos eram torturados por se recusarem a concordar com isso. Em vez disso, proclamaram o primeiro credo cristão: “Cristo é o Senhor”. Chamar Jesus de “Senhor” era radical não só do ponto de vista dos romanos, mas especialmente do ponto de vista dos judeus, pois era o título dado ao próprio Deus no Antigo Testamento.
O título Senhor foi concedido a Jesus por Deus o Pai. É o “nome que está acima de todo nome”, sobre o qual Paulo fala em Filipenses 2.9.
3. Filho do Homem. Este é um dos mais fascinantes títulos dados a Jesus e talvez o que é mais freqüentemente mal-interpretado. Pelo fato de que a Igreja confessa a dupla natureza de Jesus, que ele é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, e porque a Bíblia descreve Jesus como Filho do Homem e Filho de Deus, é tentador concluir que Filho do Homem refere-se à humanidade de Jesus e Filho de Deus refere-se à sua divindade. Esse, entretanto, não é exatamente o caso. Embora o título Filho do Homem inclua um elemento de humanidade, sua referência primária é à natureza divina de Jesus. O título Filho de Deus também inclui uma referência à divindade, mas sua ênfase primária é sobre a obediência de Jesus como filho.
Este título. Filho do Homem, tem ainda mais importância quando compreendemos que, embora esteja em terceiro lugar (bem embaixo na lista), em termos de freqüência de uso no Novo Testamento (atrás de Cristo e Senhor), está em primeiro lugar (com uma grande margem) nos títulos que Jesus usava para referir-se a si próprio. Filho do Homem é a designação mais favorita de Jesus para si mesmo.
A importância deste título é tirada da sua ligação com o uso que Daniel fez dele no Antigo Testamento (ver Dn 7). Ali, Filho do Homem claramente referia-se a um ser celestial que agia como um Juiz cósmico. Nos lábios de Jesus o título não é um exercício de falsa humildade, mas uma ousada reivindicação de autoridade divina. Jesus alegou, por exemplo, que o Filho do Homem tinha autoridade para perdoar pecados (Mc 2.10), uma prerrogativa divina, e era Senhor do sábado (Mc 2.28).
4. O Logos. Nenhum título de Jesus despertou mais intenso interesse filosófico e teológico nos primeiros três séculos do que o título Logos. O Logos era central no desenvolvimento da Cristologia da Igreja Primitiva. O prólogo do Evangelho de João é crucial para este entendimento cristológico do Logos. João escreve: “No princípio era o Verbo (Logos), e o Verbo (Logos) estava com Deus, e o Verbo (Logos) era Deus ” (Jó 1.1).
Nesta passagem notável, o Logos é tanto distinto de Deus (“estava com Deus”), quanto identificado com Deus (“era Deus”). Este paradoxo teve grande influência no desenvolvimento da doutrina da Trindade, em que o Logos é visto como a Segunda Pessoa da Trindade. Ele difere em pessoa do Pai, mas é um em essência com o Pai.
E fácil de entender por que os filósofos cristãos foram atraídos pelo conceito do Logos como um título de Jesus. Embora o termo possa ser traduzido simplesmente como “palavra”, ele tinha um histórico de utilização como termo técnico na filosofia o qual deu ao Logos um significado muito rico. Os antigos gregos preocupavam-se com o sentido do universo e por isso se engajaram numa busca pela “realidade suprema” (metafísica). Eles buscavam o fator unifícador ou o poder que traria a ordem e a harmonia na amplamente diversificada esfera da criação (cosmologia). Os filósofos procuravam por uma nous (mente)
à qual (ou a quem) poderiam atribuir a ordem de todas as coisas. A essa realidade suprema unificadora os gregos deram o nome de Logos. Ela proporcionaria a coerência ou a “lógica” da realidade. O conceito foi usado por Heráclito e posteriormente pela filosofia Estóica, na qual era usada como uma lei cósmica e abstrata.
Embora desta maneira o termo fizesse parte da bagagem da filosofia grega anterior ao Cristianismo, o uso bíblico do Logos vai muito além do uso grego. Em Gênesis 1 3 e seguintes, a Bíblia diz: “Disse Deus… e assim se fez”. Desta maneira, foi por meio da Palavra de Deus que a criação veio à existência. O que distancia o conceito do Logos da filosofia grega, de maneira mais significativa, contudo, é que o Logos do Novo Testamento épessoal — a Palavra é uma pessoa divina e tornou-se um homem, o qual viveu e morreu em nosso mundo.
Sumário
1. Messias significa “ungido” e é usado como um título de Jesus indicando seu papel tanto como Rei como Servo Sofredor. Messias é o título usado com mais freqüência referindo-se a Jesus.
2. Senhor é o segundo título usado com mais freqüência para Jesus e refere-se à sua autoridade suprema como Soberano do universo.
3. Filho do Homem é o título que o próprio Jesus usava com mais freqüência referindo-se a si mesmo. Este título refere-se primariamente ao papel de Jesus como Juiz de todo o cosmos.
4. O título Logos tem uma rica herança tanto da cultura grega como da judaica. Jesus é o Logos — o Criador do universo, a realidade suprema por trás dele e aquele que está constantemente sustentando-o.
Fonte: Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C. Sproul