Lição 3 – Aprendendo a perdoar com Jesus

1. Palavras Envolvidas

No hebraico, temos a considerar quatro palavras, e,no grego, também quatro, a saber: ”

1. Salach , perdoar… Verbo “hebraico usado por quarenta e seis vezes, conforme se vê, por exemplo, em Núm. 30:5,8,12; I Reis 8:30,34,35,39,50; 11 c-e. 6:21,25,27,30,39; Sal. 103:3; Jer. 31:34; 36:3; Dan.9:19; Amôs 7:2.

2. Sallach, perdão. Substantivo hebraico usado por uma vez: Sal. 86:5.

3. Kaphar, cobrir. Palavra hebraica usada por cerca de dez vezes com o sentido de “perdoar.., embora seja palavra traduzida, principalmente, por  expiar… Ver, por exemplo, Sal. 78:38; ler. 18:23;Deut. 21:8; II c-e. 30:18; Lev. 8:15; Eze. 45:15,17; Dan.9:24.

4. Nasa, levantar.., perdoar. Palavra hebraica usada por cerca de treze vezes com o sentido de «perdoar..: Gên, 50:17; Êxo, 10:17; 32:32; 34:7; Núm. 14:18,19; I Sam.25:28; Sal. 25:18; 85:2; Isa. 2:9.

5. Apbiemi, deixar ir.., «perdoar… Termo grego usado por cento e quarenta e cinco vezes no NT, desde Mat. 3:15 até Apo. 11:9.

6. Âphesis, perdão.  Substantivo grego empregado por dezessete vezes: Mat. 26:28; Mar. 1:4; 3:29; Luc.1:77; 3:3; 4:18 (citando Isa. 61:1); 4:18 (citando Isa, 58:6); 24:7; Atos 2:38; 5:31; Efe. 1:7; Cal. 1:14; Heb.9:22; 10: 18.

7. Charizomai, ser gracioso com.., uma palavra grega utilizada por vinte e duas vezes: Luc. 7:21,42,43; Atos 3:14; Rom, 8:32; I Cor. 2:12; 11 Cor. 2:7,10; Gál. 3:18; Efé. 4:32; Fil. 2:9; Col. 2:13; 3: 13; File. 22.

8. Apolúo; soltar.., perdoar… Verbo grego que ocorre por apenas urna vez com o claro sentido de perdoar, em Luc. 6:37. Significa em outros lugares soltar, deixar, dívorciar-se, etc.

2. Características Gerais

O perdão pode ser um ato Divino, que resulta no perdão do transgressor humano. Por igual modo, um ser humano pode perdoar a outro. O perdão dos pecados é uma prerrogativa divina (Sal. 130:4). Jesus Cristo recebeu o poder de perdoar da parte do Pai (Mat. 2:5) Um perdão pleno, gratuito e eterno é oferecido a todos quantos se arrependerem e crerem no evangelho, contanto que disso resulte uma verdadeira mudança na vida e na alma, e não apenas uma profissão de fé. Ver Atos 13:38,39; I João 2:12.

Os crentes devem perdoar àqueles que os ofendem, de modo imediato, abundante, definitivo, porque esse perdão deve imitar o ato divino (Luc. 17:3,4). Isso precisa ser feito, pois, de outra forma, não podemos esperar que o  Senhor nos perdoe (Mat. 6:12-15; 18:15-35). Alguns chamam isso de base legal; mas aquele que retém o ódio em seu coração está longe de ter endireitado os seus caminhos diante de Deus, e, assim, continua levando o seu pecado.

Por outro lado, aquele que foi verdadeiramente regenerado possui a  atitude de perdão, como uma de suas qualidades essenciais. Se assim não for, é que aquele individuo  nunca  foi, realmente, regenerado.

O perdão é um ato da alma mediante o qual a pessoa ofendida permite que o seu ofensor fique livre, esquecendo-se então da ofensa. Deus requer, na maioria dos casos, embora nem sempre, que o ofensor se arrependa, que haja perdão e que haja reparação pelos danos causados, sempre que isso for possível. Essa é uma condição básica; mas o puro amor de Deus cobre uma multidão de pecados quando o individuo não é capaz de corrigir o erro praticado ou de restaurar o danificado (Rom, 5:5-8).

Mesmo quando essas condições não podem ser preenchidas, o perdão divino é dado somente se o indivíduo, em imitação ao Senhor, for gracioso, amoroso, disposto a perdoar a seus ofensores. Textos como os de Mal. 6:12; 18:23-35; Mar. 11:26 contêm esses ensinamentos, enfaticamente.

3. A Ênfase da Fé Cristã

A fé cristã é supremamente destacada por sua ênfase sobre o perdão, mais do que as outras grandes religiões do mundo. Assim sucede porque o grande Profeta do Cristianismo, o Cristo, em sua morte e ressurreição forneceu aos homens os próprios meios do perdão. Esse elemento faz parte do significado da missão do Filho. A fé cristã também salienta que o perdão nos é dado da parte de um Pai misericordioso, quem é a fonte de toda vida e existência. Quanto a referências bíblicas sobre esse oficio de Cristo, ver Efé. 4:32; Atos 5:31; 13:38; Mar. 2:10; I João 1:9 e, especialmente, Efé. 1: 7. Este último trecho ensina: …no qual (Amado, Cristo) temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça.

4. Ensino Bíblico Sobre o Perdão

A. No Antigo Testamento.

1. O elaborado sistema de sacrifícios do Antigo Testamento estava diretamente vinculado à ideia de expiação e, consequentemente, de perdão. Apesar de certos trechos do Novo Testamento, como Rom. 3:25, darem a entender que o perdão divino, no Antigo Testamento, estava condicionado ao futuro ministério de Cristo, não há que duvidar que os israelitas, nos dias do Antigo Testamento, pensavam que seus sacrifícios eram eficientes para o perdão de seus pecados, mediante a expiação.

2. As ofensas são vistas como perdoadas, e o perdão é encarado como um ato da graça divina, que deve ser recebido com profunda gratidão. O pecado merece ser punido, e o perdão é uma medida da graça e da misericórdia divinas. O recebimento desse beneficio deveria criar o senso de temor no coração dos homens, ver Sal. 130:4; Deu. 29:20; 11 Reis 24:4; Jer. 5:7 e Lam. 3:42, quanto às ideias aqui expressas.

3. Somente Deus tem a prerrogativa de perdoar aos homens (Deu. 9:9). A única maneira como o homem pode perdoar é indiretamente, mediante a pregação do evangelho. Os que aceitarem a mensagem cristã serão perdoados por Deus. Ver João 20:23. Mas os apóstolos nunca perdoaram pessoalmente senão a alguma ofensa pessoal contra eles, como qualquer crente pode fazer. No caso de pecados contra o Senhor eles deixavam a questão nas mãos de Deus.

“Arrepende-te, pois, da tua maldade, e roga ao Senhor; talvez que te seja perdoado o intento do coração” (Atos 8:22).

4. O perdão divino está alicerçado sobre a misericórdia, a bondade e a veracidade de Deus (Êxo, 34:6). O perdão torna-se impossível se Deus não se mostrar gracioso. E essa graciosidade divina, como é óbvio, manifesta-se exclusivamente através de Cristo e sua palavra.

5. O perdão dado por Deus é completo. Ele afasta de nós os nossos pecados tanto quanto o Oriente se distância do Ocidente (Sal. 103:12). Ele lança para trás de suas

costas as nossas transgressões, sem mais considerá-las (Isa. 38:17). Ele apaga as transgressões dos perdoados (Isa, 43:25; Sal. 51:1,9) e nunca mais relembra os seus pecados (Miq. 7:19).

B. No Novo Testamento

1. O pecador é perdoado, por sua vez deve perdoar aos que o ofendem (Luc. 3:37)

2. O perdão depende diretamente da expiação de Cristo (Efé. 1:7; Rom. 3:25; 4:25; Mat. 26:28).

3. A validade da expiação cerimonial, no Antigo Testamento, dependia do indivíduo considerar a sua participação espiritual na futura missão e expiação de Cristo (Rom, 3:25). No Novo Testamento, os povos gentílicos também são beneficiados, mediante a fé em Cristo, e não somente o povo de Israel (Atos 17:30,31). A descida de Cristo ao hades O Ped. 3:18 – 4:6) estende o beneficio da expiação de Cristo a todos os homens, oferecendo-lhes a salvação através do evangelho, conforme I Pedro 4:6 deixa claro:

“… pois, para este fim foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus”.

4. O continuo perdão dos pecados dos crentes, também depende diretamente da obra expiatória de Cristo (I João 1:9).

5. O perdão está diretamente vinculado ao arrependimento (Miq. 1:4; Atos 2:38; Luc, 24:47).

6. O perdão também está ligado à fé ou à confiança em Cristo (Atos 10:43; Tia. 5:15). O arrependimento e a fé servem de meios para o perdão. O mérito nunca é humano, mas somente em Cristo. Apesar disso, sem aqueles meios (arrependimento e fé = conversão) não haverá perdão, porquanto o mérito de Cristo precisa ser apropriado pelo homem.

7. Visto que Deus perdoa gratuita e abundantemente, outro tanto deveriam fazer os crentes, sem nunca limitarem o número de vezes em que eles perdoam a seus ofensores (Mal. 18:22). Esse ensino, naturalmente, está muito acima da capacidade da maioria das pessoas e serve como um elevado ideal.

8. O perdão repousa sobre a completa missão de Cristo, sobre a sua morte e ressurreição (Heb. 9:26; Rom.4:25).

5- Reflexões sobre o Perdão

A- Perdão não é esquecimento

Se algum dia você foi traído em um relacionamento, ou se envolveu em uma briga familiar, ou até mesmo um amigo o deixou na mão, é impossível que tais fatos marcantes estejam esquecidos na memória do leitor, não é verdade?

– Perdoar não é como se escrever em um quadro-negro e depois passar um apagador, e logo tudo está do mesmo modo que antes;

– ou depois de redigir um longo texto no computador, simplesmente “deletar”.

B -Perdão não é viver com mágoas

– Não sendo esquecimento, o perdão também não se codifica no que diz respeito a mágoas. Do mesmo modo não adianta fingir que está “tudo bem”. Você pode tentar, mas uma hora a “bomba explode”.

– Imaginemos uma calça. Você sem querer rasga um pedacinho, então com um pedaço de pano simplesmente remenda-a. Não muito tempo depois outro rasgo; outro remendo. Irá chegar um momento que não será mais possível remendar, você “explode”e joga a calça no lixo.

– Assim é tentar reter mágoas e fingir que está tudo bem. Somente em um Ser você poderá superar esse vil sentimento, é buscar naquELE que “perdoa-me segundo o Seu grande amor”.Ne.13:22

ORA,O QUE É PERDÃO?

Perdão é a capacidade de você lembrar de uma ofensa, e mesmo assim não ter afetado o seu relacionamento mútuo.
Para que isso aconteça, você deve observar as seguintes sugestões.

A -Nunca use do assunto passado como arma de discussão

– Acontece isso quando você guarda uma mágoa e finge tudo bem e quando você se vê apertado e sem nenhum argumento em uma discussão, “perde a cabeça”, e usa do assunto ( que você tinha esquecido) como arma.

– discuta somente sobre o acontecimento atual.

– não deixe de esclarecer todos os detalhes.

– Para controlar seus impulsos emocionais, busque sempre a comunhão no doce e santo Espírito de Deus

B-Não desconfiar que irá acontecer novamente

– não é fácil, mas é o ideal a buscar.

– Depois de perdoar, você não deve ficar desconfiado que ele(a) permanecerá no erro, e a qualquer momento o fará novamente. Essa desconfiança será um obstáculo no “processo do perdão”.

– Dê à pessoa nova chance, dê voto de confiança.

– Jesus deu o exemplo com Pedro.

– Ele pode te ajudar.

C-Não esperar que tudo se resolva de uma vez

– Perdão é um ato instantâneo e ao mesmo tempo um processo.

– instantâneo no sentido de consideração, mas exige tempo para a restauração.

– Entenda melhor: Um ônibus desgovernado atinge um muro de concreto. É possível levantá-lo de uma só vez? Será necessário repor tijolo, quebrar algumas pontas e pedaços que sobraram, e construir gradualmente tudo de novo. Do mesmo modo, se preciso for, teremos que quebrar “alguns pedaços” do relacionamento para reconstrui-lo novamente.

– Deus perdoou Adão e Eva no momento, mas a culminação só se dará no juízo final. Deus teve que quebrar até uns “tijolos” (não falaria mais face a face e até os expulsou do Jardim), mas para dar o perdão final.

 

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